Depois da carta assinada por mais de 2,8 mil pessoas, como Yuval Harari e Elon Musk, que pedia uma pausa do uso e desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA), a Itália decidiu banir o uso do ChatGPT, da OpenAI reforçando que a ferramenta não segue a Lei de Privacidade do país. 

Com isso, autoridades do país começaram a realizar investigações sobre o assunto. 

A situação leva ao debate sobre as IAs e destaca as precauções com o uso do ChatGPT. De acordo com o especialista em IA e fundador da Stilingue, Rodrigo Helcer, o acontecimento na Itália não trata do ponto mais importante sobre o uso. 

“Bloquear um player ou uma ferramenta não resolve a questão regulatória importante para toda a categoria. A OpenAI é a rainha do jogo da IA neste momento, mas não é onde está o maior risco. Os maiores riscos estão no uso de modelos de linguagens desenvolvidos sem o investimento intensivo que o OpenAI vem fazendo, e são inúmeros os exemplos”, destacou. 

Já Fernando Moulin, Partner da Sponsorb, professor e especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente, revela que “algumas adequações legais deverão ser feitas pela OpenAI e pelas empresas que forem usar a solução do ChatGPT ou quaisquer outras soluções de inteligência artificial com esse mesmo grau de impacto, para garantir um real alinhamento com as necessidades regulatórias e legais de diversos países. Esse é um movimento de ajuste que acredito que também irá ser superado, para que as soluções possam ser usadas de forma madura e mais “responsável” pelas pessoas e organizações no futuro.”

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O sócio da área de Direito Digital do escritório Prado Vidigal Advogados, Luis Fernando Prado, entende que “a determinação de bloqueio é sempre uma medida extremamente drástica e indigesta, que impacta inúmeros usuários e serviços decorrentes do uso dessa aplicação.”

Matheus Puppe, sócio da área de TMT, Privacidade & Proteção de Dados do Maneira Advogados destaca que ,“a IA já vem apresentando parte de seus muitos desafios. Proteção de dados é apenas uma das dificuldades regulatórias que ela já causa. O passo, entretanto, da Itália, vejo como precipitado, uma vez que a IA ainda carece que ajustes e isto pode frear o desenvolvimento de uma ferramenta temida, mas poderosa no bom sentido.”

Carta sobre uso da IA

A construção da carta redigida por profissionais como Elon Musk e outros aparece como uma demonstração de maturidade da sociedade com as inovações tecnológicas, visando ainda que os erros tomados com o surgimento da internet não sejam feitos novamente. 

Na opinião de Rodrigo Helcer, “não podemos ignorar tudo que já ocorreu com relação a dados e privacidade. Essa carta representa sim uma chamada por sensibilidade. Mas é problemático colocarmos as pessoas que a assinam contra a OpenAI, como se fosse um contraponto, já que a própria empresa, por meio de seus três fundadores, vem fazendo esse alerta desde o início da intensificação dos testes de IA.”

A CEO da BridgeWise, Gaby Diamant, salienta “poucos dias depois da carta assinada pelos principais profissionais do mundo, como Elon Musk e Steve Wozniak, a Itália deu um passo à frente e proibiu totalmente o uso do ChatGPT devido a preocupações com as regras de coleta de dados. Não só isso, mas também acusa a Microsoft de não impor limitação de idade às regras do chat.” 

“Esses dois eventos se conectam à mesma fonte. Embora a petição seja mais generalizada, já vemos que essa engrenagem, de forma massiva, hoje está tendo problemas para cumprir as regras. As preocupações vêm do fato de que, se já estamos tendo problemas para cumprir as regras, o que o futuro reserva?”, finaliza.

Fonte: Forbes

Autor (a): Luiz Gustavo Pacete