Ana Luísa Antunes, Consultora Senior EY, People Advisory Services, explica como é tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) podem ajudar as organizações a recrutar de forma diversificada e inclusiva.

Considerando o ritmo a que a tecnologia tem vindo a desenvolver-se, nos últimos anos, é esperado que a Inteligência Artificial (IA) venha a modificar profundamente a forma como vivemos e trabalhamos. Por definição, e tendo em conta a sua natureza, os departamentos de recursos humanos (RH) tendem a ser afastados do conceito de IA, pelo menos numa fase inicial. No entanto, o futuro da gestão de pessoas está tão ligado ao desenvolvimento da tecnologia como outros departamentos.

Uma das áreas em que este paradigma se poderá destacar no futuro prende-se com a Diversidade & Inclusão dentro das empresas. Ao serem capazes de simular comportamentos inteligentes, os computadores poderão não só alterar a forma como trabalhamos, mas também reduzir tendências e preconceitos que, apesar de poderem ser inconscientes no seio do pensamento humano, prejudicam a capacidade das Organizações de recrutar de forma diversificada e inclusiva.

“A IA será capaz de detetar situações de potencial enviesamento e preconceito na tomada de decisão.”

Ao contrário do que acontece com os seres humanos, as máquinas não têm uma propensão intrínseca para deixar que as suas experiências pessoais, opiniões e crenças influenciem as suas decisões. Em vez disso, os computadores baseiam-se em dados e algoritmos criados pelas pessoas que os desenvolveram.

Assim, se desenhada e aplicada corretamente, através de equipas multidisciplinares, a IA será capaz de detetar situações de potencial enviesamento e preconceito na tomada de decisão, – particularmente aquele que, não sendo intencional, se torna mais difícil de detetar – e alertar os departamentos de RH/gestores da sua presença.

É expectável que a IA influencie a Diversidade & Inclusão dentro das organizações em duas vertentes principais: na promoção da igualdade de acesso a oportunidades de trabalho e no apoio aos técnicos de RH e gestores na tomada de decisões mais justas, assim como no desenvolvimento de ambientes de trabalho mais diversos e inclusivos:

  • Acesso a oportunidades de emprego: a igualdade no acesso ao trabalho começa com a igualdade no acesso à informação. As ferramentas de IA têm o potencial de otimizar a forma como a informação chega aos candidatos, nomeadamente por serem capazes de recomendar vagas que os próprios candidatos provavelmente desconsiderariam através dos mecanismos tradicionais de busca de emprego. Por exemplo, tecnologia construída para interagir com candidatos e identificar os seus interesses e competências é capaz de fazer corresponder esses atributos a oportunidades de emprego, deixando-se, assim, de confiar apenas nas típicas pesquisas por palavras-chave;
  • Anúncios de emprego inclusivos: as ferramentas de IA podem também ser utilizadas para rever, de forma automatizada, os textos dos anúncios de emprego, detetando linguagem que é tipicamente associada a ideias preconcebidas de género, idade e etnia, e sendo também capazes de apresentar sugestões para corrigir estes termos, assim como tornar o anúncio mais atrativo para um maior leque de candidatos;
  • Recrutamento e seleção justos: as soluções de IA permitem fornecer um olhar imparcial sobre as listas de candidatos, focando-se nas suas competências e experiência – independentemente da idade, género ou etnia – e fazendo a sua correspondência às vagas de emprego disponíveis. Consequentemente, as organizações conseguem não só poupar tempo ao libertar os profissionais de RH de procuras extensas e detalhadas entre as centenas, ou milhares, de CV’s enviados, mas também garantir uma avaliação dos candidatos justa e isenta de preconceitos;
  • Minimização do preconceito durante o ciclo de vida do trabalhador: a nível de progressão de carreira e compensação de colaboradores, a AI é capaz de detetar potenciais situações de discriminação entre grupos distintos de trabalhadores e fornecer dados e relatórios que facilitem as tomadas de decisão dos profissionais de RH.
  • Apesar do futuro promissor da IA, não podemos esquecer que este tipo de tecnologia depende de dados que são recolhidos e selecionados por humanos. Dado que o desenvolvimento de ferramentas de IA depende de decisões humanas, é essencial que dados e modelos sejam testados continuamente e que ajustes sejam feitos ao longo do tempo por forma a garantir que a tecnologia serve o seu propósito.

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