O governo federal lança consulta pública com uma proposta de estratégia nacional de inteligência artificial. O objetivo é colher opiniões e considerações de pesquisadores, cidadãos, empresários e gestores públicos sobre quais políticas públicas devem ser adotadas pelo Estado para fomentar o uso dessa tecnologia no país.

A estratégia foi elaborada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), com auxílio de uma consultora contratada, a professora de Ciência da Computação Rosa Maria Viccari, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

O representante do Tribunal de Contas da União (TCU), Wesley Vaz, destacou a importância de fortalecer a formação nas carreiras relacionadas à área. Ele citou dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) segundo os quais os egressos de cursos de ciência e tecnologia são 8% menores do que a média da organização.

“Temos dificuldade de [encontrar] pessoas que possam lidar com inteligência artificial, tanto no serviço público quanto no setor privado. Temos poucas pessoas e a formação não necessariamente discute o assunto de imediato”, comentou Vaz.

O chefe de inteligência artificial da empresa Neoway, Ricardo Fernandes, ressaltou que, atualmente, faltam trabalhadores com qualificação na área. “Muitas vezes, as empresas ficam brigando por poucos engenheiros. E outros acabam saindo do país, pois recebem em outra moeda e ganham benefícios”, comentou.

O consultor do Senado Jacson de Medeiros relatou a experiência francesa, que transformou quatro centros de pesquisa em locais dedicados ao desenvolvimento de soluções em inteligência artificial, com quadro próprio de pesquisadores. Uma das medidas para reter os talentos foi dobrar o salário dos profissionais para evitar a evasão.

Centros de pesquisa com utilização de inteligência artificial

O titular do MCTIC, Marcos Pontes, anunciou na Semana de Inovação a criação de oito centros de pesquisa em inteligência artificial. Um dos laboratórios será para pesquisa “pura”. Outros quatro serão voltados para áreas elencadas na Política Nacional de Internet das Coisas: saúde, agricultura, indústria e saúde. O quarto centro terá como objetivo desenvolver aplicações de governo.